quarta-feira, agosto 23, 2006

O País das aparências

Hoje ficamos a saber pelas notícias que o crédito mal parado cresce a olhos vistos. Por um lado tenho pena de todas as pessoas que estão em graves dificuldades e correm o risco de verem accionadas, pelo Banco que lhes concedeu o crédito para a compra da sua habitação, as respectivas penhoras por incumprimento do pagamento das prestações e assim ficarem privados das mesmas.
Por outro lado vejo com satisfação o facto da Banca qualquer dia ser o maior promotor imobiliário do País sem saber muito bem o que fazer às habitaçoes de que se apoderou por força do incumprimento das obrigações por parte daqueles que a eles recorreram para pedirem o respectivo crédito para compra de habitação. É certo que pelo menos os lisboetas já nos anos 60 viviam acima das suas posses e muita gente, conheci alguns que iam passar férias ao Algarve tinham por hábito recorrer à casa de penhores, deixando no prego as suas jóias e outros objectos de valor para o conseguir fazer. Alguns quando regressavam conseguiam resgatar esses bens e assumiam integralmente a sua posse pagando obviamente um pequeno juro ao respectivo prestamista, mas muitos havia que não conseguiam resgatar esses bens dados como garantia para o dinheiro que levantavam para as suas férias no Algarve e acabavam por não conseguir resgatar esses bens. Nada mudou desde os anos 60, bem pelo contrário. A fúria consumista aumentou a isso fez com que se registassem neste País a existência de vidas autenticamente artificiais.
Muita gente a viver acima das suas possibilidades, foram adquirindo automóveis a crédito que já ficaram ou estão em vias de ficar sem eles e ainda o mais grave estarem em risco de perderem as suas próprias habitações, adquiridas com recurso ao crédito bancário. Obviamente que ressalvo as raríssimas excepções daqueles que hoje estão a passar por graves dificuldades motivadas pela perda de emprego, mas não tenho dúvidas que vivemos num País de aparências.

1 comentário:

contradicoes disse...

Não aborrece nada Annie Hall, bem pelo contrário, tenho muito prazer em continuar a vê-la deixar os seus comentários e não se preocupe com a sua extensão que eles cabem todos. Fernanda como vês não consigo ser diferente da minha maneira de ser.