Barracas com design
Aqui na Planície não estamos nada preocupados com o eventual facto de o 'engenhêro' ser um aldrabão ou um vigarista. Mesquinhices!
O 'engenhêro' para nós é, antes de mais, um 'ganda ponto'. O 'engenhêro' vai assumir-se nos anais da saga lusa como uma marca histórica indelével! Um marco (de cimento, claro!).
Nos idos anos 80, um talentoso 'engenhêro técnico-táctico' dedicou-se a criar barracas com um design tão inconfundível quanto perturbador. Projectadas pelo seu génio, humorísticas linhas eivadas de um kitsh avassalador formataram construções obtusas (face aos padrões estéticos dominantes) na Beira Interior a um ritmo inebriante. A noção de arquitectura foi claramente posta em causa nos lusos Montes Hermínios. Aquilo que para alguns psicólogos de café era uma forma de assumir um conflito com o seu papá -arquitecto mais ou menos discreto cá do sítio- para outros, como nós, foi muito mais do que isso: Foi uma atitude desafiadora das instituições estabelecidas. Mas uma atitude em grande! Uma acção de grande envergadura!
Vem-nos à memória, a este propósito, um tipo austríaco com um bigode ridículo que, aí há uns 70, 80 anos atrás, por não ter conseguido dedicar-se à arquitectura, sublimou a 'coisa' dedicando-se a revolucionar a estética política. Ao que consta, conseguiu alcançar com um estrondo assinalável o seu projecto.
Também o 'engenhêro', ao fim e ao cabo, é um revolucionário subversivo que, para poder reformar este rectângulo de sabujos lambe-botas, os põe constantemente à prova.
Repare o leitor que o este brioso rapaz assinou barracas únicas! O moço legitimou a construção de subversivas cabanas com design e, mesmo assim, teve há uns tempos responsabilidades no ambiente e proclama agora reformas na educação e na saúde, apela à exigência, fala à Cascais -agora, por acaso, até um pouco menos...- e faz-se amigo de gajos muito importantes da Europa, e tudo, e tudo, e tudo!
Na nossa praça é ver aflitos os analistas a interpretar as motivações; os espíritos mais sabujos a justificarem o percurso do moço e, enquanto o chefe da associação de amigos do bolo-rei assobia para o lado, toda a corja subserviente do estado entra numa roda viva justificativa que, depois de a levar à loucura, ainda a deixará nas margens do suicídio. Genial, pá!.
O nosso engenhêro, por este andar, verá a sua acção proporcionar às iletradas gerações vindouras um mundo de leite e de mel. Portugal ainda há-de ser o Paraíso na Terra. Ou, não esquecendo a subversividade da sua política de esquerda, será a terra dos amanhãs que cantam p'ró povo.
E como cantam... Olarilolela!
Comentário
O amigo Francisco Nunes proporcionou-me a primeira gargalhada matinal com este post.
3 comentários:
Estaremos em presens de um potencial socraticídio?
Um abraço. Augusto
Gostei do post que revela ao que chegámos em termos de concluio político e de liquidação de raciocínio. O poder dá uma auréola de valor a quem não o tem e convida à sabujice.
Um abraço
folgo por saber que existe quem os tope...
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