da Efe, em Islamabad
Mukhtara Mai, a paquistanesa que foi estuprada por um "crime de honra" em 2002, conta seu drama pessoal e fala dos problemas que afetam as mulheres de seu país em um blog.
Mukhtara--conhecida também como Mukhtaran Bibi-- foi violentada quatro anos atrás na província de Punjab, no sudeste do Paquistão, devido a uma rixa entre clãs.
Seu estupro, cometido por um grupo de homens de uma outra família, foi recomendado pela assembléia local, que considerou uma "ofensa à honra" a suposta relação entre um irmão seu, de 12 anos, e uma menina do outro clã.
No Paquistão, a vingança contra crimes de honra são bastante comuns. Mas Mukhtara denunciou o seu caso ao mundo e conseguiu uma vitória.
Três anos após ter sido estuprada, os cinco acusados foram condenados pelo Supremo Tribunal paquistanês.
Até o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, interveio no caso para assegurar que a justiça fosse cumprida.
Aos 34 anos, Mukhtara lançou um blog no site do serviço urdu da "BBC" .
"Falo de incidentes cruéis e dolorosos. Tento abordar somente temas sérios em meu blog: os maus-tratos às mulheres que, às vezes, levam até a morte", conta.
"Acho que nem todas as pessoas que vivem onde moro sabem que escrevo, mas já recebi algumas cartas de outros lugares que me animam a continuar", afirma.
O caso de Mai se transformou em um símbolo da luta contra a discriminação da mulher no Paquistão, uma república islâmica que, embora castigue por lei condutas deste tipo, as tolera socialmente.
Em dezembro de 2004, o Parlamento paquistanês aprovou emendas no Código Penal para tornar mais severas as penas por "crimes de honra".
Com o dinheiro que obteve após ganhar o caso judicial, Mukhtara abriu duas escolas em seu próprio povoado para crianças pobres.
Analfabeta, Mukhtara está matriculada como aluna de sua escola, assim como os filhos dos cinco homens acusados de estuprá-la.
"Não queria gastar esse dinheiro comigo", diz Mukhtara, sobre os US$ 10.000 que recebeu de uma ONG estrangeira.
Mukhtara se tornou um símbolo para milhares de mulheres paquistanesas que são vítimas de de "crimes de honra". Ela é freqüentemente comparada a Rosa Parks e Mahatma Gandhi pela valente luta que travou a favor da justiça e da igualdade.
da Folha Online
É incrivel ser possível existirem civilizações com procedimentos deste tipo. Quanto tempo mais vai ser necessário para que deixem de se registar acontecimentos deste tipo em paises sub-desenvolvidos, que atentam contra a dignidade humana.
Sem comentários:
Enviar um comentário