No tempo em que fui um jovem pai os meus filhos não dispuseram há trinta e tal anos de Infantários e Jardins Infância para frequentar.
Por essa razão foram sempre acompanhados até à idade escolar pela avó materna que comigo vivia. Na sociedade moderna em que hoje vivemos e face aos baixos salários e à carestia de vida, impõe-se que o casal marido e mulher tenham ambos de trabalhar para garantir a sobrevivência do agregado familiar. A alternativa que dispõem esses casais, maioritáriamente é a de colocarem os seus filhos logo de tenra idade, nos infantários.
Convencionou-se há mais de duas décadas que as crianças educadas nesses locais tinham
um notório desenvolvimento e relacionamento com as demais crianças, francamente superior ao do acompanhamento feitas pelas mães ou avós. Pessoalmente sempre discordei dessa ideia porquanto nada melhor para acompanhar as crianças de tenra idade do que os respectivos avós. Crescem mais saudávelmente com uma alimentação muito mais cuidada, pois os avós fazem questão nisso. E do ponto de vista da educação o regime é francamente mais exigente do que aquele que é praticado no Infantário. A minha filha manteve até aos dois anos o meu neto sob os cuidados da avó materna e paterna, nunca tendo sido necessário ir a correr com ele para uma urgência dum hospital para tratar sequer duma gripe. Mas tal nunca aconteceu com os filhos das suas amigas com a mesma idade que, sem terem a possibilidade de os deixar com os avós outra alternativa não tiveram senão de os colocar em Infantários.
Foram vários as vezes que foi preciso elas sairem do trabalho para irem buscar os seus filhos por se encontrarem doentes, pois em contacto com outras crianças estão mais expostos a doenças que outros contraiam. O meu neto vai no décimo segundo dia de infantário e a sua modificação em termos comportamentais é significativa.
Grita estridentemente, atitude que antes não tinha, dá pontapés, está agressivo, quando antes de começar a frequentar o Infantário era uma criança extremamente afável. Não vou entrar nos conceitos da pedagogia das educadoras de infância ou das auxiliares de educação se são mais eficazes do que aquelas que avós usam no controle dos seus netos para evitar que estes sejam violentos ou mal educados. Mas hoje já ouvi a minha filha dizer para o meu neto olha se continuares assim sais do Infantário. E se ele gosta de lá estar.
Adaptou-se muito bem quando a avó o vai buscar não quer vir para casa e todos os dias quando perguntado à respectiva educadora o seu comportamento a resposta é repetitiva, quem me dera que todos os outros tivessem o mesmo comportamento que ele. Fico satisfeito porque a ideia que sempre defendi está cada vez mais consistente. Para criar e educar nada melhor que os familiares mais directos.
3 comentários:
Não sou educadora, sou professora do ensino básico, mas concordo que quanto mais tempo com a família melhor. Os maus hábitos aprendem-se num piscar de olhos e penso que os pequeninos têm a vida toda para os aprender, (infelizmente)! Por muitos métodos e teorias que se apliquem, o efeito de grupo acaba por prevalecer e se no grupo existirem algumas crianças com problemas comportamentais, são mesmo essas que contagiam e tomam a liderança! Por tudo isso e sempre que possivel, quanto mais tempo com a familia, tanto melhor!
Em sociedades mais evoluidas, os velhos pouco, ou nada, produtivos, não são colocados em asilos, ou deixados nos bancos dos jardins o dia inteiro numa queda depressiva para a morte. Não. Nessas sociedades eles têm um papel fundamental na estrutura e no funcionamento social, uma vez que são eles que cuidam das crianças.
É o chamado “mundo cada vez mais competitivo” para onde estamos a ser empurrados. Mas os manda-chuvas não percebem que estão a serrar o galho onde estão sentados.
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