quarta-feira, abril 16, 2008

A carta pode ser falsa mas os factos não são e comprovaram-se

Ferreira Fernandes no DN online de ontem e sob o título "António Barreto e a carta falsa"
escreveu:
António Barreto publicou, no Público (domingo), uma carta de 1974, enviada pelo almirante Rosa Coutinho, alto-comissário em Angola, a Agostinho Neto, presidente do MPLA. O almirante diz que, depois de "reunião secreta (...) com os camaradas do PCP", se decidiu "dar execução imediata à segunda fase do plano". Rosa Coutinho incita Neto a dar "instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem os brancos, matando, pilhando e incendiando (...). Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos (...)". Pois é, o documento é falso. Basta lê-lo. Não gosto de Rosa Coutinho, não gosto dos comunistas e da política deles em Angola. Mas aquele documento pertence à mesma família de os comunistas comerem crianças ao pequeno-almoço. "Sede cruéis com as crianças [brancas]", escreveu o governador (em papel timbrado do seu gabinete), depois de programar a matança com as cúpulas do PCP... A carta apareceu num jornal sul- -africano em 1975.

Eu li-a e sei porque é falsa: porque sim.

A carta pode efectivamente ser falsa mas os factos que ocorreram não o foram e comprovaram-se Rosa Coutinho, o almirante vermelho, como era conhecido em Luanda, mal assumiu as funções de Alto Comissário substituindo o general Silvino Silvério Marques, ocorreu logo a seguir o assalto ao Grafanil o depósito de armamento do exército português do qual desaparecerem inúmeras armas e munições. A partir deste acontecimento o MPLA começou de imediato a atacar as delegações da FNLA com o propósito de os expulsar de Luanda, o que mais tarde aconteceu.
De seguida o MPLA desencadeou uma ofensiva contra as várias delegações da UNITA com o mesmo objectivo. Para além disso e sob a protecção da tropa portuguesa porque é preciso ter em conta que Rosa era simultaneamente Alto Comissário e comandante do COPLAD um espécie de COPCOM em Angola, foram devassados todos os imóveis com o objectivo de encontrar armamento na posse de civis brancos. Os habitante sujeitos a esta devassa passaram o maior vexame da sua vida. Mas e isto talvez Ferreira Fernandes não tenha tido conhecimento, no hospital universitário de São Paulo onde trabalhava um médico meu amigo os cadáveres acumulavam-se em pilhas nos corredores e foi ele mesmo que me aconselhou Raul vai-te embora que está a verificar-se a mesma barbárie que ocorreu em 1961. Eles não poupam ninguém violam grávidas, desventram-nas, matam crianças, repete-se todo o cenário que ocorreu em 1961 com a eclosão do terrorismo. Foi então a partir do desenrolar destes acontecimentos dos quais o principal responsável foi o almirante Rosa Coutinho, que os patrocinou com existência da carta dita falsa, que os portugueses residentes em Luanda se mobilizaram e se manifestaram junto de diversos corpos diplomáticos solicitando ajuda para a sua evacuação o que aconteceu com a ponte aérea Luanda-Lisboa, através dos aviões alemães e suíços que asseguraram o êxodo em massa dos portugueses, gratuitamente, uma vez que o Governo Português e a própria TAP
só asseguravam o transporte a quem adquirisse o bilhete. Daí insistir que a carta referida por António Barreto e segundo Ferreira Fernandes poder ser falsa estes factos não o foram e comprovaram-se.

2 comentários:

PintoRibeiro disse...

Quem lá esteve sabe o fdputa que esse facínora foi para os brancos e muitos negros. Carta falsa ou não. Ponto final.
Abraço.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Não sou comunista e não defendo que os fins justificam os meios.
Não sei se a carta é ou não falsa mas há muita coisa que tenho visto e que não me agrada.

Abraço