sábado, junho 13, 2009

Mahmoud Ahmadinejad é reeleito presidente do Irã

A Comissão Eleitoral Iraniana divulgou a vitória no primeiro turno do atual presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. Os votos dos outros três candidatos não totalizaram os 50% necessários para que houvesse um segundo turno eleitoral.

Ahmed Jadallah/Reuters
Presidente Mahmoud Ahmadinejad é reeleito no primeiro turno das eleições no Irã.
Presidente Mahmoud Ahmadinejad é reeleito no primeiro turno das eleições no Irã.

O chefe de campanha de Ahmadinejad, Mojtaba Samareh Hechami, assegurou à agência de notícias Fars que os números revelados até o momento pelo Ministério do Interior "não deixam nenhuma dúvida" sobre o resultado do pleito.

Com mais de 94% das urnas apuradas, Ahmadinejad tem uma vantagem de 64,78% dos votos --recebeu mais de 20 milhões dos 30 milhões de votos apurados.

Em segundo lugar aparece o reformista ex-ministro Mir Hussein Moussavi, com 32,57% dos votos.

O resultado ainda precisa ser referendado pelo Conselho dos Guardiães (veja abaixo diagrama sobre a divisão de poder do Irã).

Contestação

Antes mesmo de as unas serem fechadas, Mousavi já havia sugerido que contestaria a eleição. Após a divulgação da vitória de Ahmadinejad, ele apelou ao aiatolá Ali Khamenei para que os resultados sejam revistos. Partidários de Moussavi asseguram que ocorreu uma grande fraude que "roubou" a vitória de seu candidato.

Ao longo do dia, houve preocupações de que as poderosas instituições islâmicas do país estivessem usando seu poder de pressão contra os apoiadores de Mousavi.

Durante a votação, mensagens de texto --uma ferramenta-chave da campanha de Mousavi, cujo eleitorado é formado principalmente por jovens, mulheres e pela população urbana-- foram bloqueadas, assim como alguns sites pró-Mousavi. Oficiais de segurança advertiram que não vão tolerar reuniões ou comícios políticos antes da divulgação dos resultados finais.

O presidente era considerado imbatível até o início da campanha, mas uma grande mobilização em torno de Mousavi, principalmente de jovens, mulheres e da população urbana, embaralhou o processo de sucessão.

Ahmadinejad, favorito na zona rural, contou com o apoio de setores conservadores e é visto como o preferido de setores organizados que normalmente votam em bloco, como o Exército e a Guarda Revolucionária.

Os dois principais opositores protagonizaram uma campanha agressiva, com acusações mútuas de manipulação de dados. Em um inédito debate, assistido por mais de 40 milhões de pessoas, Mousavi disse que o presidente mentia sobre os dados da economia para esconder a inflação resultante do que chamou de incompetência para administrar o país. Ahmadinejad reagiu e disse que os aliados do opositor --como o ex-presidente e chefe do Conselho de Discernimento, Akbar Rafsanjani-- enriqueceram por meio da corrupção.

Os dois também discordaram sobre a política externa. Mousavi acusou o presidente de isolar internacionalmente o país ao negar o holocausto. Mas os quatro concorrentes concordaram em manter o programa nuclear do país, oficialmente com fins de produção de energia. Os Estados Unidos acusam o país de estar tentando desenvolver armas nucleares.

Obama

Falando em Washington antes da divulgação dos primeiros resultados, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama disse que sua administração estava animado com debate no Irã e que ele esperava que a eleição ajudasse os dois países a se relacionarem "de novas formas".

Analistas haviam dito que uma vitória de Mousavi poderia ajudar a aliviar as tensões com o Ocidente, que está preocupado com as ambições nucleares de Teerã, e melhorar as oportunidades de relação com Obama, que falou de um novo começo nas relações com o Irã, país com quem os EUA não mantêm relações diplomáticas há três décadas.

Dentro de uma estrutura de poder inspirada pelo islã e por instituições ocidentais, o presidente do Irã comanda a política econômica e a administração do dia a dia, mas não tem controle sobre as Forças Armadas e está subordinado ao líder supremo, atualmente o aiatolá Ali Khamenei.

da Folha Online

A sua reeleição não surpreendeu ninguém embora houvesse quem acreditasse ser o seu opositor a ganhar esta eleição. Isto pode ser um pronúncio de incompatibilidade do alcorão com a pratica da democracia.

2 comentários:

jardinsdeLaura disse...

O que se está a passar no Irão é triste!! Não admira nada que haja fraude eleitoral! E menos ainda que os opositores a Ahmadinejad possam já ser vítimas de perseguição!! teria sido óptimo se a oposição a este poder fanático minado pelo poder religioso tivesse ganho! A interferência da religião no poder laico do estado nunca deu bom resultado. A Europa testemunhou isso mesmo com a religião católica!!

Å®t Øf £övë disse...

Raúl,
Espero que tudo se resolva rapidamente, porque este tipo de situações contorbadas um dia podem acabar mal para todo o mundo, e deixar marcas e cicatrizes profundas.
Abraço.