quarta-feira, maio 09, 2007

Usina de álcool pode capturar carbono

ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo, na Sucursal do Rio

No momento em que se discute a redução da emissão de gases do efeito estufa no mundo, o Brasil pode se beneficiar de uma tecnologia de produção de energia que não apenas diminui a emissão de CO2 como também ajuda a reduzir a presença desse gás na atmosfera.

Ao debater ontem, num evento do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas realizado na Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ), as conclusões do mais recente relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), pesquisadores brasileiros que participaram da elaboração do documento citaram como exemplo de tecnologia a ser incentivada no país a técnica de captura e armazenamento de CO2 sob o solo.

Felipe Vieira/Diário do Vale

Interior da fábrica de combustível nuclear da INB em esende, região Sul do Rio de Janeiro
Trata-se de uma tecnologia que permite armazenar a mais de 700 metros de profundidade o gás carbônico produzido em algumas atividades.

Essa tecnologia foi citada no relatório do IPCC, mas apontada como uma opção de mitigação (redução de emissões) ainda cara na maior parte dos casos. Ela pode ser utilizada, por exemplo, em termelétricas a carvão, mas de forma menos eficiente. Sua aplicação no Brasil poderia ser feita na produção do álcool combustível a partir da cana.

No processo de produção de álcool, metade da massa é transformada em combustível e a outra metade vira CO2, que é liberado. Para evitar que isso aconteça, é possível capturá-lo e imobilizá-lo debaixo da terra. Isso pode ser feito, por exemplo, em lençóis aqüíferos salinos, que não são explorados para consumo humano.

Segundo explicou José Roberto Moreira, do Centro Nacional de Referência em Biomassa da USP, para isso é preciso construir uma chaminé ligada a um sistema de bombeamento. No caso brasileiro, o maior investimento seria identificar os lençóis, tarefa que poderia ser feita pela Petrobras.

Emílio La Rovere, do Programa de Planejamento Estratégico da Coppe, disse que uma característica do álcool brasileiro é que, por ser uma fonte de energia renovável produzida a partir da cana-de-açúcar, ele não contribui para o aumento do CO2. O gás emitido é reabsorvido pelo crescimento da cana na safra seguinte. A captura de carbono poderia tornar o álcool um combustível de "emissão negativa" --portanto, ainda mais atraente do ponto de vista ambiental.

Metas para Amazônia

No debate, os pesquisadores Emílio La Rovere e Roberto Schaeffer, ambos da Coppe, divergiram a respeito da proposta de fixar metas de desmatamento da Amazônia e levá-las às negociações internacionais sobre clima.

"Os níveis de desmatamento são tão altos que, se você não tiver uma meta, não haverá como medir se estamos cumprindo nosso objetivo. O fato de ter uma meta não quer dizer que tenhamos que cumpri-la sozinhos. O país pode solicitar ajuda financeira internacional para cumprir seus objetivos", defendeu Schaeffer.

Para La Rovere, no entanto, a definição de metas não seria tão simples: "Acho muito complicado levar alguma meta de desmatamento para negociações internacionais. O que temos de fazer é reduzir ao mínimo o desmatamento e acho justo que tenhamos incentivos financeiros de países industrializados para esse fim. A Amazônia presta serviços ambientais para todo o mundo".

da Folha Online

Em matéria de protecção do meio ambiente todos nos ultrapassam, porque como é sabido os governos, actual e anteriores nunca tiveram nem irão ter nos seus programas qualquer tipo de medidas nesse sentido, mas também não é de estranhar porque também não as têm no sentido de desenvolver o país. Só falta sermos ultrapassados pelos paises africanos.

1 comentário:

PintoRibeiro disse...

Já faltou mais, realmente...