sexta-feira, maio 26, 2006

Relógio e celular substituem dinheiro em Hong
Kong


Um minichip de silício de crédito pré-pago pode levar ao
completo desaparecimento do dinheiro em pequenas
transações comerciais em Hong Kong.

Lançado em 1994 e conhecido como Octopus, o chip
funcionava inicialmente apenas como um cartão válido nas
linhas de transporte público.

Mas seu uso popularizou-se de tal forma que hoje ele serve
como documento de identificação e é aceito para compras
em supermercados, máquinas automáticas e grandes redes
como McDonald's, Starbucks ou SevenEleven.

"É mais prático. Eu tenho tudo em um só cartão", explica
May Chan, 24. Cerca de 95% da população de Hong Kong
entre 16 e 65 anos utiliza a tecnologia.

Futuro

Com o chip é possível pagar sem abrir a carteira. Ele
funciona com ondas de rádio e basta posicioná-lo por alguns
segundos próximo à máquina leitora que o valor da conta é
automaticamente descontado dos créditos.

A versão mais popular é o cartão, mas também existem
chaveiros, celulares e relógios. No caso do último, o usuário
só precisa estender o braço para pagar.

O sistema de Hong Kong realiza diariamente 9,2 milhões de
transações. Catherine Fu, gerente de relações públicas da
Octopus Cards Limited, empresa operadora do sistema,
atribui o sucesso do produto ao que considera sua
"simplicidade e conveniência de uso".

Na Universidade City de Hong Kong, o Octopus substituiu a
carteirinha de estudante.

Com o modelo personalizado do chip, alunos podem retirar
livros da biblioteca, fazer fotocópias e até registrar presença
em classe. Alguns condomínios residenciais e empresas
também usam a tecnologia para identificação de visitantes na
portaria.

"Dinheiro na forma de moeda está se tornando cada vez mais
inconveniente nas sociedades modernas", afirma Lucia Siu,
do Grupo de Pesquisa de Estudos Socias de Finanças da
Universidade de Edimburgo, na Escócia.

Ela acompanha o fenômeno do Octopus e acredita que, entre
as classes de alto poder aquisitivo, as moedas cairão em
completo desuso dentro de um século.

Mas Michael Rogers, renomado futurista e ex-vice-
presidente de novas mídias do grupo Washington Post, diz
que o advento do Octopus não significa o fim definitivo dos
trocados.

"Eu duvido que sistemas como esse venham a substituir
completamente as moedas num futuro próximo,
especialmente entre os pobres", afirma. "Mas eles vão
cada vez mais fazer parte do dia-a-dia de quase todo mundo."

"Não existem mais razões para usarmos moedas. O único
impedimento real para a aceitação do dinheiro eletrônico é
a padronização e o alto potencial de fraudes", pondera David
Zach, mestre em Estudos do Futuro pela Universidade de
Huston Clear Lake, no Texas, Estados Unidos.

Ele considera dinheiro de metal algo do século passado e,
referindo-se à sua rotina nos Estados Unidos, diz que "se não
fosse pelos parquímetros", ele nunca usaria moedas.

Em Hong Kong é diferente. Os 13 milhões de usuários do
Octopus podem pagar parquímetros com o chip e não
precisam ter troco no bolso. Talvez por isso faça cada vez
mais sentido a piada dita por um chinês anônimo na rua:
"aqui em Hong Kong só circulam moedas raras, pois é muito
rara a circulação de moedas".

MARINA WENTZEL
da BBC Brasil, em Hong Kong

Pode ser que esta inovação também cá chegue e
então teremos uma chuva de aderentes

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