quinta-feira, julho 13, 2006

Neurocientista transexual ataca machismo em estudos cognitivos


Neurocientista
transexual
ataca machismo em
estudos cognitivos

MARIANA TAMARI
Colaboração para a Folha
de S.Paulo


Ben Barres é neurobiólogo da Universidade Stanford,
formado em medicina e com doutorado em Harvard.
Isso já seria suficiente para qualificá-lo a argumentar
contra uma idéia polêmica que vem ganhando força: a de
que há menos mulheres cientistas porque elas são
biologicamente pouco aptas para a ciência. Barres diz que
isso não passa de balela.

Mas o que mais confere credibilidade a ele na discussão
sobre a diferença entre homens e mulheres é que, ao longo
da maior parte de sua vida acadêmica, Barres foi conhecido
como doutora Barbara. Em 1997, ele trocou de sexo ao
iniciar um tratamento com hormônio.

Ben (ex-Barbara) Barres, que trocou de sexo
Sua opinião foi publicada hoje na revista "Nature", como
resposta a um debate que se estende desde o ano passado,
quando o ex-presidente da Universidade Harvard, Larry
Summers, defendeu que o baixo número de mulheres
cientistas tinha como principal razão diferenças naturais
entre os sexos.

O mais recente artigo que defende a idéia, "Homens,
Mulheres e Fantasmas na Ciência", foi escrito neste ano
pelo biólogo Peter Lawrence, membro da Royal Society, o
principal órgão científico britânico.

Principal alvo das críticas de Barres, Lawrence garante que
foi mal-interpretado. "Recebi mais de cem cartas. Cerca de
70% delas vieram de mulheres. Muitas delas desistiram da
carreira acadêmica pelas razões que eu mencionei no artigo."

Falta de dados

O principal argumento de Barres é que nem a palestra de
Summers nem os artigos dos outros cientistas que
defendem sua posição usaram dados significativos para dar
suporte à idéia de que a biologia das mulheres é menos
inclinada à matemática ou à ciência.

"As consequências são devastadoras quando renomados
cientistas homens fazem comentários tão fortes (mas sem
base científica nenhuma) sobre supostas habilidades
inferiores das mulheres", disse Barres em entrevista à
Folha.

Barres descreve diversas experiências que teve
pessoalmente, tanto como homem como quanto mulher,
para sustentar sua hipótese.

O geneticista brasileiro Renato Zamora Flores, da UFRGS,
concorda com Lawrence. Para ele a mulher seria
naturalmente menos competitiva. Ele vê diferenças de
aptidão entre os sexos "em todas as atividades muito
competitivas e, em especial, nas patologicamente
competitivas". Mas pondera que "a literatura científica que
correlaciona essas diferenças com desempenhos sociais é
bastante contaminada por outras variáveis".

da Folha Online

2 comentários:

Paulo disse...

Pois....tudo se "ataca"....gostei do blog!....barbas brancas como o meu avô..mas ok..tass


Abraço
Paulo

Diogo disse...

Tenho lido que de facto existem algumas diferenças (por exemplo na geometria tridimensional). Mas homem e mulher são as duas faces da mesma moeda. Uns podem ser mais fortes em determinadas áreas e outros noutras. Tudo somado, empatam!