sexta-feira, outubro 19, 2007

Outros testemunhos da guerra colonial
























Joaquim Paula de Matos o autor do blog "Memórias Futuras" sugere que a blogosfera também pode dar um contributo a este tema. Claro que sim e eu sou dos que estão sempre dispostos a colaborar no esclarecimento, ou melhor na reposição da verdade.
Cuilo Pombo foi, uma das zonas do Uige em Angola que conheci e em Fevereiro de 1964, nesta pequena povoação cercada de arame farpado em que se encontrava nela destacado um pelotão reforçado de tropa mista, isto é militares oriundos do Continente e recrutados em Angola, era comandado pelo alferes miliciano de apelido Baião. Esta foto foi tirada após a recuperação duma ponte que havia sido destruída pela rapaziada da UPA, onde estou do lado direito.
Foi nesta povoação que o comerciante Pedro me contou a má experiência por si vivida antes da eclosão do terrorismo em Março de 1961, julgo mesmo antes de 1960, o qual foi torturado pela seita tocoísta, cujo líder era Simão Toco, sendo seu objectivo o linchamento de todos os brancos que se conseguiram armar e resgatar com vida esta vítima a qual exibia as mãos cujos dedos estavam todos deformados uma vez que a tortura que lhe tinha sido infligida foi a de lhe espetarem talas entre as unhas. Segundo ele só não morreu por milagre. Esta seita era constituída por homens e mulheres autótones que trajavam sempre completamente vestidos de branco. Já nessa altura o então governador do distrito do Uíge considerou que essa acção tinha sido um acto isolado não tendo por isso merecido qualquer atenção. No Songo, ainda no distrito do Uíge para onde fui no ano seguinte 1965, donde aliás tenho gratas recordações onde casei em 1968 e nasceu a minha primeira filha, vivi muitos momentos de insegurança e assisti porque foi uma das zonas muito flagelada pela FNLA, ex-UPA, deixo esta foto tirada num dia de realização dum mercado de café robusta.
















Eu encontro-me ao volante do Toyota Land-Cruiser, um 6 cilindros a gasolina que andava tão desafinado que consumia quase 20 litros em cada 100 kms. numa altura em que o custo de cada litro era de 2$50. Numa das várias viagens que efectuei com este jeep e de regresso à Vila do Songo depois de eu e mais três camaradas termos bebido bem, na Fazenda Monte Belo e numa velocidade imprópria para uma picada, não conseguindo descrever uma curva apertada segui em frente tendo saltado com este jeep um pontão sem as pranchas de madeira, com mais de um metro de largura. Tendo o jeep deixado de funcionar fomos pedir socorro aos trabalhadores da fazendo Quipetro que ficavam próxima os quais vieram em nosso auxílio mas nem queriam acreditar ter sido possível tal proeza. Tinha sido o nosso dia de sorte. Só que o jeep embora com o forte embate do rodado da frente no extremo do pontão que galgou, fez com que os apoios das molas tivesse recuado alguns cêntimos. Mas não foi necessário fazer nada o jeep funcionou a voltamos ao Songo. O jeep foi a reparar e o mecânico de nome Constantino depois de o arranjar ao experimentá-lo, numa curva capotou e como o jeep não tinha tecto rígido morreu esmagado.

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