Todos nós temos consciência que à medida que foram os países ascendendo por mudanças de regime político à democracia, as classes profissionais foram-se organizando através dos sindicatos que criaram para o efeito, e, a partir desta realidade, as contestações, manifestações e greves gerais e sectoriais foram uma constante, não só no nosso país como em toda a Europa que se democratizou. Se por um lado se alterou significativamente o bem estar de muitas classes de trabalhadores que através do maior peso da sua força sindical foram melhorando substancialmente as suas condições salariais, outras houve que esticaram tanto a corda que o patronato desse sector pura e simplesmente sucumbiu. No nosso caso concreto, sendo o nosso país um dos tinham algum peso no sector têxtil onde até produzia-mos artigos de vestuário que apenas seguiam para Inglaterra e outros países onde lhes era apenas aposta a etiqueta, tudo isso desapareceu graças à acção contínua das exigências salariais. O sector do vidro que estava também ele com uma forte implantação no nosso país sobretudo na Marinha Grande sucumbiu, após o PCP pela força sindical que dele se apoderou e através das suas reivindicações contribuído para que o sector também sucumbisse. Em matéria de linhas de montagem do sector automóvel, com excepção de unidade portuguesa de Salvador Caetano onde o PCP não mete o bedelho e portanto continua fluorescente e da Auto-Europa que esteve presa por um fio o seu encerramento, tudo quanto existia nesta área com peso obviamente desapareceu. Nesta altura a força sindical concentra as suas reivindicações apenas e só no sector de serviços pois é o único que ainda vai sobrevivendo à concorrência externa e sobretudo à mão-de-obra barata asiática.
O empresariado acabou por sentir através da democratização dos países e do poder reivindicativo dos sindicatos de classe, a necessidade de se unir no sentido de alterarem todo este rumo que o poder sindical de alguma forma conseguiu introduzir nas leis laborais que passaram então a proteger os trabalhadores. Este fenómeno repetiu-se na administração pública mas aqui com consequências muita mais gravosas para o erário público, o que provocou durante anos consecutivos o desequilíbrio das contas públicas.
O poder político que como sabemos neste ou em qualquer outro país europeu é subsidiado pelo poder económico, sendo por isso seu refém, acabou por numa concertação das leis laborais, estabelecer mecanismos legais que vão permitir ao patronato evitar a contínua reivindicação das classes trabalhadoras por força a tornar inviável a existência de muitas empresas que, face à aceitação dos cadernos reivindicativos acabaram por sucumbir por inviabilidade económica das respectivas empresas.
Embora não esteja, de modo nenhum, de acordo com as novas leis que vão ser aplicadas aos trabalhadores europeus por força da concertação de políticas laborais que visam favorecer o patronato, não deixo no entanto de concluir que a razão que levou o poder político a assumir tal posição se deve ao facto das organizações sindicais terem ido longe demais nas suas reivindicações. De resto o resultado está à vista. Ao nível do nosso País a quase total desactivação do tecido industrial produtivo por incapacidade de poder concorrer com outros mercados onde ainda não chegou o poder reivindicativo da classe de trabalhadores.
2 comentários:
Um excelente e lúcido texto.
Para mim os sindicatos não foram longe de mais, por incompetência, foram antes pelo caminho da reivindicação fácil e anárquica. Não é maneira de enfrentar o capital, que tem inúmeras alternativas para contrapor. Se em vez de começarem a pedir sem saber se há para dar, lutassem por uma lei que regulamentasse o patronato, talvez não houvesse tantos motivos para reivindicar.
Um abraço. Augusto
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