segunda-feira, janeiro 15, 2007

Sugiro que o SNS se passe a designar de Serviço Nacional da Doença

Como já relatei, nas últimas três semanas que passaram fui acometido dum problema de saúde que tentei resolver com os meus próprios meios por não ser daqueles que, por dá cá aquela palha, correm para uma urgência do Hospital. Essa atitude valeu-me ter imposto a mim próprio um sofrimento prolongado que poderia ter sido evitado se tivesse logo optado por me deslocar à urgência do Hospital como o caso o requeria.
Resolvi fazê-lo ontem, deslocando-me à urgência do Hospital de São Francisco Xavier, no qual não se encontravam muitos doentes para serem atendidos. Encaminhado para a triagem informei a enfermeira sobre o que se estava a passar comigo e depois de ouvir uma reprimenda, fui informado de que teria de ser observado por um cirurgião de serviço.
Fui para a sala de espera e ali esperei até quase desesperar, pois via chegar novos doentes que quase de imediato eram atendidos e abandonavam a sala de espera com exames feitos e receitas na mão. Tinha aliás acabado de informar a minha mulher se efectivamente não fosse chamado nos próximos minutos abandonaria aquele Hospital.
Fui então chamado e depois de contar ao cirurgião o que se tinha passado comigo, mandou-me recolher a um gabinete onde fui observado, tendo o mesmo concluído que me encontrava afectado com uma proctite.
Voltamos ao gabinete de atendimento onde depois de me ter passado uma receita com a medicação, procedeu ao preenchimento duma requisição duma consulta de coloproctologia que deveria ser marcada naquele hospital a partir de hoje, mas foi adiantando que a mesma teria de ser marcada pessoalmente.
Hoje logo pela manhã chegado ao meu emprego telefonei para o Hospital informando que sabia da necessidade da marcação ter de ser feita pessoalmente, mas atendendo a gravidade da minha situação pretendia saber qual a disponibilidade em termos de capacidade de resposta, para ser atendido no mais curto espaço de tempo, ao que fui de imediato informado pela funcionária do Hospital de São Francisco Xavier que o único dia disponível próximo seria o dia 27 de Março, mas não me poderia garantir se não seria ocupado por outro doente, mas o mais provável seria a partir do mês de Abril.
A minha resposta foi imediata e sem reflectir, agradeci prescindindo dessa possibilidade pois até lá posso morrer e eu pretendo saber em concreto qual o meu problema e pelo menos tentar resolvê-lo. De imediato recorri à marcação duma consulta
no sector privado onde serei atendido às 11 horas de 4ª. feira.
Eu não sei porque ainda não li, nem sequer sei se o Ministério da Saúde tem essa estatística feita, quantos doentes dos que entram pelos serviços de urgência dos Hospitais conseguem através deles resolver os seus problemas de saúde ou estes apenas se limitam a constatar o seu estado de gravidade, mas deixá-los sem solução, à sua sorte para que os doentes em desespero de causa recorram ao sector privado para acabar por solucioná-los. Porque efectivamente a avaliar pelo custo galopante do SNS provavelmente tendo em vista o número de doentes tratados no seu âmbito, o custo por doente é capaz de ser superior aquele que o Estado gastaria se adoptasse o sistema de saúde praticado por exemplo no Canadá onde se verifica a efectiva gratuitidade do serviço pois ele é prestado através de convenções com clínicas e hospitais privados que cobram ao estado canadiano determinado valor por cada doente, não havendo lista de espera e as situações graves são de pronto atendidas e os problemas resolvidos.
Talvez por isso sugiro que a funcionar nestes moldes de quase total ineficácia o SNS deveria passar a designar-se como Serviço Nacional da Doença, visto termos como mais certo o prolongamento dos nossos problemas de saúde e não a sua solução.

6 comentários:

Anónimo disse...

Claro que na privada a coisa resolve-se rapidamente, basta adiantar o graveto e somos tratados como gente... mas, o busílis está na "massa" sendo frequente uma consulta de um especialista custar 80 a 100 euros.
Dá ou não vontade mandar para o "mangalho" esta sacanada? E os nossos descontos mensais servem para quê? desculpe Raul, mas pqp...

Anónimo disse...

A verdade é que desesti por completo de ir a uma urgência. Como disse o Raúl, se afinal acabamos por voltar ao privado o que se vai lá fazer? Tenho acompanhado familiares e amigos e desesperado com eles...
O «interessante» é que mesmo o Seguro de Saúde que poderia fazer a contra gosto, além de uma certa idade as seguradoras não o fazem , ou pedem tais quantias de prémio que se torna incomportável!
Qual a solução????

Anónimo disse...

Ups! Gralha!!! «Desisti»... é claro!

augustoM disse...

Raul, estamos num país do terceiro mundo, onde a dignidade humana não conta, quanto mais tratarem de nós como deve ser. Não passamos de um número fiscal para pagar e nada receber. Mas isto ainda vai ficar pior!
Um abraço e as tuas melhoras. Augusto

contradicoes disse...

Eu citei o caso do sistema de saúde no Canadá porque tenho lá familiares que conhecem bem o seu funcionamento. Ou seja naquele País os médicos que prestam serviço aos doentes canadianos não são como aqui funcionários públicos nem tão pouco os hospitais.
O governo canadiano tem convenções estabelecidas com clínicas e hospitais privadas e é por essa via que são tratados os emigrantes e os canadianos. O serviço de assistência médica e medicamentosa é absolutamente gratuito. E foi isso e apenas isso a razão porque os meus cunhados após se terem aposentado acabaram por não regressar a Portugal, hipótese que ainda chegaram a encarar, porque o SNS deste país é uma merda.

Anónimo disse...

pagam-se impostos ....para quê?????