da Folha de S.Paulo
Você pode até não dizer seu nome nem seu endereço, mas a internet guarda inúmeros dados sobre você --seja por um cadastro criado em uma rede social, como Orkut ou MySpace, ou pela aceitação de termos de segurança de um site que você nem mesmo leu.
O comportamento dos usuários e as atitudes de empresas põem a privacidade em questão. De um lado, internautas que consideram a interação benéfica se registram em redes sociais, colocam fotos no Flickr e vídeos no YouTube.
De outro, empresas montam bancos de dados baseados nos hábitos de navegação e nas informações que o usuário disponibiliza na rede, mesmo que ele nem sempre tenha a dimensão do quanto está se expondo.
No meio do caminho, pesquisadores e sociólogos questionam as implicações da privacidade on-line, e setores da sociedade se mobilizam para preservar os usuários.
"As pessoas dizem que estimam a privacidade, mas isso fica no plano abstrato", avalia Lee Rainer, diretor do Pew Internet & American Life Project, que desenvolve trabalhos sobre o impacto da internet na sociedade. "Muitos estão completamente dispostos a divulgar coisas como seu endereço de e-mail e até número de telefone em troca de algo de valor."
A necessidade de "existir on-line" é um reflexo da sociedade do espetáculo, dos 15 minutos de fama pregados pelo artista plástico Andy Warhol (1928-87), na opinião de Walter Lima Júnior, pós-doutor em tecnologia e comunicação.
"As pessoas querem mostrar que têm amigos, que são legais. Nunca vi ninguém ter 400 amigos na vida real', aponta. Essa tentativa de 'ser alguém, mesmo que só virtual", revela como a percepção sobre a comunicação digital ainda é muito recente e carece de discussões.
"O ser humano leva um tempo para entender novos mecanismos. Mas já existe um movimento de pessoas se retraindo, retirando informações como telefone e moradia de sites como o Orkut", afirma.
Rastreamento
Para o sociólogo Sérgio Amadeu, defensor do software livre e da inclusão digital, o conceito de privacidade está sob ataque. "Empresas querem rastrear os internautas visando obter dados sobre seus hábitos de consumo. Trata-se de uma invasão absurda no direito das pessoas de resguardar seus dados."
O desafio é aprender a gerenciar a visibilidade desses dados, afirma José Murilo Junior, do Global Voices Online. "Deve caber ao usuário definir os diferentes níveis de acesso às suas informações, e cabe aos serviços evoluir no sentido de prover essa funcionalidade de forma transparente."
da Folha OnlineComo se isto fosse novidade. Todos nós temos a nossa vida devassada já há muito tempo e essa devassa começa logo no apartamento em que vivemos. Se nos peidamos os vizinhos que moram por cima, por baixo e ao lado dão conta, se tossimos também, se discutimos no lar melhor ainda porque a tendência é para elevarmos o tom de voz. No local de trabalho sabem muito acerca de nós, mas não só, o nosso Banco também sabe. Daí achar ser perfeitamente indiferente o facto de as empresas ligadas à internet também o saberem.
1 comentário:
É uma devassa preocupante das nossas vidas. Mas essa devassa está instalada nas câmaras de video-vigilância, no uso dos cartões de crédito e multibanco, nos contratos da net e do telefone.O ser humano já não tem espaço individual nos países ditos desenvolvidos.
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