terça-feira, novembro 08, 2005


O direito pela vida não significa
a obrigação de viver. Isso é o que
diz a Sociedade Alemã em Prol da
Morte com Dignidade, que
reivindica o "auxílio para a morte"
para pessoas que não querem
mais viver.


Sobre o tema, a Alemanha parece estar de acordo. Uma pesquisa da
revista Stern apontou que 78% dos alemães aprovam a eutanásia ativa.
Um resultado do qual o teólogo e médico Manfred Lütz faz pouco caso.
"As pessoas são a favor da eutanásia ativa, porque ela está relacionada
ao medo que se tem de depender de aparelhos para viver", explica.

Apesar de a imagem ser sinistra, o integrante da Academia Papal
para a Vida rejeita a eutanásia ativa de forma clara. "O tabu da
morte é algo muito importante e que está ligado à dignidade humana",
acrescenta. Para Lütz, o emprego desta forma de morte tem graves
conseqüências para a sociedade, além de remeter às atrocidades
ocorridas durante o regime nazista.

O modelo suíço

Os suíços encontraram um meio de promover a eutanásia ativa na
Europa é um procedimento legal, até o momento, na Bélgica e na
Holanda. França e Grécia equiparam o auxílio dado ao suicídio com
assassinato. Na Alemanha o ato é passível de punição, com até cinco
anos de prisão.

Já os suíços escolheram uma terceira opção: os médicos podem
prescrever uma receita específica, quando o paciente tem uma doença
terminal. Este receituário é entregue, então, não somente ao doente, mas
também a uma entidade, que conduzirá o paciente à morte.

Uma solução que a Sociedade Alemã em Prol da Morte com Dignidade
(DGHS) deseja. "Para mim, é um grande alívio saber que poderei ir à
Suíça, caso eu precise", diz Elke Ehrenfeld, integrante da instituição.
A alemã descobriu há dois anos que tem câncer. Para ela é importante
ter total responsabilidade sobre seus atos e decisões.

A DGHS oferece desde a sua fundação, há 25 anos, o que se chama de
"testamento vital" (Patientenverfügung). Dessa forma, o paciente pode
solicitar a forma e as medidas que deverão ser tomadas para sua morte.
"Cada um deve preencher uma solicitação, declarando total capacidade
em decidir sobre sua vida e sua morte", completa Elke.

Retrocesso

Ministra alemã da Justiça, Brigitte ZypriesA ministra alemã da Justiça,
Brigitte Zypries, exigiu um fortalecimento do testamento vital em
entrevista concedida ao semanário Die Zeit. No ano passado, ela
precisou retirar um projeto de lei sobre o assunto porque foi altamente
criticado. Agora cabe ao Parlamento dar seqüência.

Conforme declarou na reportagem, a ministra quer que "cada pessoa
possa dispor de um documento em que assegure o que quer que aconteça
no momento em que [...] não tiver mais capacidade de decisão".

Por outro lado, ela também rejeita de forma categórica a eutanásia
ativa. Para aumentar o debate, o secretário de Justiça de Hamburgo,
Roger Kusch, repudiou a legalização da eutanásia ativa. "Isto é uma
opinião isolada", critica Thomas Rachel, especialista em bioética.

Terapia da dor é a solução?

"Para a DGHS, o auxílio no suicídio é o último recurso", confessa Elke
Ehrenfeld. Ela informa que os médicos têm uma dificuldade muito
grande em prescrever morfina e opiato. "Por isso, muitas pessoas
morrem de forma miserável", confessa. Diferente do que ocorre em
outros países como a Holanda, por exemplo. "A terapia da dor deve ser
promovida de forma mais eficaz", admite.

Para Elke, ao mesmo tempo, deve ocorrer a melhoria das condições
de asilos e entidades que acolhem idosos. "Eu sou a favor da eutanásia
ativa, mas antes, há outras possibilidades", conclui. Opinião não
compartilhada pelo teólogo e médico Manfred Lütz. Ele aposta em
acompanhamento profissional e na terpia da dor.


"O medo da solidão no fim da vida e da dor é muito grande, mas não
há nenhuma dor que não possa ser diminuída com auxílio profissional",
ressalta.

Notícia da DW-WORLD

Por cá a questão da eutanásia, nem sequer se aborda, quanto mais
discutir um tal direito face aos defensores da moral e dos bons
costumes, existentes no País

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