sábado, janeiro 21, 2006

Boliviano Morales traz esperança até para quem não
votou nele

Bolivianos ricos e pobres torcem para que a posse de Evo
Morales, o primeiro presidente indígena do país, no
domingo, represente o início de uma nova era de paz e
crescimento, depois de anos de instabilidade.

A eleição de Morales, um índio aymara que entrou na
política como líder dos cocaleiros da região dos Andes,
integra a tendência para a esquerda vivida pela América
Latina.

Morales, de 46 anos, que pastoreava lhamas quando
criança e que nunca freqüentou uma universidade, já
conquistou alguns céticos, que se impressionaram com
seu desejo de unir a maioria indígena pobre e a elite de
ascendência européia.

"Estamos mais esperançosos que nunca", disse o engenheiro
civil David Escalier, que não votou em Morales. "Antes de
Evo, sabíamos que todos os políticos eram mais ou menos
a mesma coisa. Agora esperamos que as coisas mudem
de verdade."

Manifestações populares derrubaram dois presidentes
bolivianos entre 2003 e 2005 e dezenas de pessoas
morreram em confrontos com a polícia.

Até os Estados Unidos, que temiam a ascensão do
socialista Morales, manifestaram a esperança de
estabilidade. Em sua campanha para as eleições de 18 de
dezembro, em que obteve históricos 54 por cento dos votos,
Morales disse que seu movimento seria um "pesadelo
para os EUA".

Ele é aliado de Hugo Chávez, da Venezuela, e do presidente
cubano, Fidel Castro, e, como eles, gosta de atacar as políticas
"neoliberais" dos Estados Unidos. Apesar de ser contra os
programas financiados pelos EUA para erradicar as
plantações de coca, Morales disse que vai combater o
narcotráfico.

O presidente eleito também prometeu nacionalizar a
indústria do gás, uma reivindicação da maioria indígena que
nunca se beneficiou das riquezas naturais do país.

Mas ele descartou desapropriações e vem cortejando as
empresas estrangeiras que já investiram 3 bilhões de
dólares na Bolívia.

A campanha de Morales baseou-se em sua imagem como
um homem do povo e sua primeira medida -- "em
solidariedade com a pobreza do povo" -- ele cortou seu
salário presidencial pela metade.

Uma pesquisa do jornal La Razon publicada na semana
passada atribuiu a ele uma popularidade de 65 por cento.
Até na região mais conservadora e elitista de Santa Cruz,
52 por cento dos entrevistados disseram apoiá-lo.

"Estou cansado da política tradicional", disse Álbaro
Laime em seu quiosque que vende doces e cigarros. "Não
sei o que vai acontecer ou se Evo vai responder às nossas
expectativas, mas as pessoas estão bastante otimistas."

Analistas políticos dizem que Morales terá a dura missão
de equilibrar as exigências dos radicais de esquerda das
áreas pobres de planalto com as das províncias ricas como
Santa Cruz e Tarija, que querem maior autonomia. Mas
muitos encaram a eleição do cocaleiro como um momento
histórico para a Bolívia.

"Evo representa um verdadeiro renascimento -- a
esperança surgindo do fracasso dos partidos tradicionais
desacreditados e da pobreza generalizada", disse Cesar
Rojas, da fundação de sociologia UNIR.

Um número inédito de chefes de Estado deve comparecer
à posse em La Paz, depois da viagem mundial em que
Morales atraiu elogios por seu estilo despretensioso.

da Reuters

Nós por cá quando conhecermos os resultados amanhã
e se for confirmado aquele que é garantido pelas sondagens
não vamos de certeza nem ficar optimistas, quando ao que
vai ser o desempenho de Cavaco Silva e muito menos
esperançados com qualquer melhoria da situação do País.

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