O derrame cerebral sofrido por Ariel Sharon
na noite desta quarta-feira pode acabar com
as esperanças de vitória do Kadima, novo
partido de centro criado por ele há um mês e meio.
Previsões de enfraquecimento do partido foram feitas
pela maioria dos comentaristas, analistas políticos e
especialistas em pesquisas de opinião há cerca de duas
semanas, logo após o primeiro acidente vascular sofrido
por Sharon, no dia 18 de dezembro. Elas acabaram não
se concretizando, já que o derrame foi leve e Sharon
parecia ter se recuperado. Agora, no entanto, tudo
pode mudar.
De acordo com as mais recentes pesquisas eleitorais, o
partido de Sharon receberia 42 das 120 cadeiras do
Knesset (o Parlamento israelense), o dobro do segundo
colocado, o Partido Trabalhista, com cerca de 20 cadeiras.
Mas sem Sharon, o Kadima perde sua "alma". Segundo
análise do jornal israelense Haaretz, o derrame de Sharon
é o fim da uma era. O fim de um dos líderes mais
populares da história de Israel.
Em dezembro, analistas políticos e especialistas ouvidos
pela BBC Brasil afirmaram que, caso Sharon não
demonstrasse melhoras em sua saúde, a queda do
Kadima seria inevitável.
O professor Shmuel Sandler, pesquisador do Centro
Begin-Sadat de Estudos Estratégicos, da Universidade
Bar Ilan, em Tel Aviv, afirmou que o Kadima é visto
como "partido de um homem só", no qual a figura de
Sharon é central e ofusca quase totalmente os outros
integrantes.
Segundo Sandler, se o Kadima quiser sobreviver à
ausência de Sharon, terá que fortalecer o nome da "equipe
de primeira linha" do partido, como o ministro das
Finanças e agora primeiro-ministro em exercício Ehud
Olmert, a ministra da Justiça Tzipi Livni e o ministro da
Defesa Shaul Mofaz.
Rafi Smith, dono do Instituto Smith de Pesquisas de
Opinião, afirmou que o comportamento político do público
a longo prazo depende da capacidade de Sharon de voltar
a exercer o cargo de primeiro-ministro. Segundo ele, após
incidentes como um derrame cerebral, o público fica
indeciso e tende a esperar para ver o que acontece nos
dias que se seguem.
Para o pesquisador, caso o Kadima perca votos, eles
devem migrar principalmente para o Likud, o partido
abandonado por Sharon há um mês depois de
desentendimentos relacionados à política mais liberal do
primeiro-ministro em relação à retirada de assentamentos
e à criação de um futuro Estado Palestino. Afinal, foi do
Likud que Sharon tirou partidários quando fundou o
Kadima, em novembro.
Outra legenda que pode herdar votos é o Shinui, o partido
laico de centro que apóia as negociações de paz com os
palestinos enquanto despreza a influência dos religiosos
ortodoxos na vida nacional. O Partido Trabalhista, de
centro-esquerda, do ex-líder sindical Amir Peretz, também
pode sair ganhando.
Para o professor Shlomo Avineri, da Universidade Hebraica
de Jerusalém, qualquer especulação política após um evento
como um derrame derebral é irresponsável. Segundo
Avineri, a doença do primeiro-ministro não revelou nada de
novo. Afinal, todos sabiam que Ariel Sharon é um homem
idoso, à mercê dos contratempos naturais de uma pessoa de
quase 78 anos. O que mudou com os dois errames cerebrais,
no entanto, foi a percepção do líder enquanto uma figura
"forte e estável".
da BBC Brasil
Quem deverá estar a respirar de alívio são alguns
palestinianos que viram nele sempre um inimigo da
sua causa.
2 comentários:
O Sharon foi conhecido como uma fera tentando emendar nos últimos tempos...
tudo vai piorar a partir de agora.
Não creio que os palestinianos respirem de alívio, mais do que nunca estarão espectantes de quem irá dirigir os destinos de Israel.Moderado ou radical? Tudo está em aberto.
Um abraço. Augusto
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