segunda-feira, janeiro 23, 2006


O ex-primeiro-ministro
português Aníbal Cavaco
Silva foi eleito para a
Presidência da República no
primeiro turno, com 50,59%
dos votos, tornando-se o
primeiro presidente
conservador do país depois
da Revolução dos Cravos, há 32 anos.


Apoiado pelos partidos PSD, de centro-direita, e Centro
Democrático Social, de direita, Cavaco teve 2.745.491 votos.

Apesar da linha conservadora, no discurso que fez depois
de anunciados os resultados, Cavaco manifestou
preocupações de esquerda.

"O desenvolvimento só é econômico para ser social. Uma
sociedade justa deve ser solidária e naturalmente no centro
das minhas atenções estarão sempre os que podem menos,
aqueles cuja voz não é ouvida."

"Serei, por isso, exigente na defesa da idéia de que em
democracia o Estado não é um feudo dos que ganham.
Porque tem de ser uma entidade a serviço de todos, um
agente activo na criação de condições de justiça social",
afirmou o presidente eleito.

Disputa da esquerda

Foi uma vitória arrasadora: em segundo lugar ficou o socialista
Manuel Alegre, com apenas 20,72% dos votos (1.124.662)
– que concorreu contra a direção do próprio partido, com o
apoio de um movimento de cidadãos.

Em terceiro, ficou o líder histórico do Partido Socialista,
Mário Soares, que teve 778.389 votos (14,34%).

A forma como vai ocorrer o acerto de contas entre os
socialistas foi demonstrada na própria noite das eleições.

Enquanto Manuel Alegre fazia o discurso reconhecendo a
derrota ao vivo nas televisões, o primeiro-ministro e
secretário-geral do PS, José Sócrates, iniciou o seu.

Os canais de televisão acabaram optando por transmitir
o de Sócrates, cortando o de Alegre no meio.

Na disputa pela hegemonia da extrema esquerda, o Partido
Comunista Português ficou na frente.

Seu secretário-geral, Jerônimo de Sousa, teve 466.428 votos
(8,59%), enquanto Francisco Louça, o coordenador do Bloco
de Esquerda – um agrupamento de ex-comunistas, trotsquistas,
maoístas e independentes – ficou com 288.224 votos (5,31%).

Antônio Garcia Pereira, do maoísta Movimento Revolucionário
do Povo Português, teve 23.650 votos (0,44%).

Cooperação com o governo

As eleições tiveram uma participação muito maior do que
há cinco anos. Dos 8,9 milhões de eleitores registrados,
participaram 62,61% - 5.529.117.

Apenas duas cidades deixaram de votar: Passos, por boicote
de um grupo de cidadãos, e Pinhão, porque as cédulas
foram roubadas.

Procurando afastar o temor de que seria gerado um
conflito institucional com a sua eleição, Cavaco Silva
reafirmou em seu discurso o que disse em campanha: que
iria colaborar com o governo.

Os demais candidatos apontavam Cavaco Silva como um
risco de crise institucional. Ele afirmou: "Sei, por experiência
própria, o valor da cooperação entre os órgãos de soberania.
De mim, o governo legítimo de Portugal poderá esperar um
espírito leal, de respeito e cooperação."

"O país precisa de um clima que permita planejar, tomar
decisões e executar. Os portugueses terão um presidente da
República que deseja ser um fator de estabilidade entre as
instituições", afirmou Cavaco Silva.

da BBC Brasil

Cada País tem o povo que merece e não temos de nos
lamentar pois nada adianta. As televisões continuam
a dar relevo às notícias que lhes convém e não aquelas
que podem interessar ao eleitorado.

5 comentários:

augustoM disse...

Raul, estamos de luto, só resta a missa do sétimo dia. Um balde de cal e três badalas é o que ficou para a democracia.
Quantos aos apoios do Cavaco não se ficaram só pelo PSD, como já anteriormente disse, o PS de Socrates também o apoiou passivamente.
Um abraço. Augusto

Pedro disse...

Será esse um sinal de mau-perder???

contradicoes disse...

Nada disso caro Pedro. Daí já ter felicitado todos os apoiantes do candidato vencedor, no meu outro blog.

Biranta disse...

Então e as continhas como devem ser feitas?
Cavaco "ganhou" com 31,1% dos votos. Essa é a realidade, cujas consequências vamos sofrer; o resto é vigarice!
Mesmo em relação aos que votaram, Cavaco teve, apenas, 49,66% dos votos.
O que eu nunca perceberei é a atitude daqueles que insistem em sancionar estes critérios, em colaborar com estas vigarices, mesmo não ganhando nada com isso, mas ajudando a prejudicar todos. São uns "convencidos", presunçosos, só pode ser... Só querem "o tacho", com os mesmos critérios, porque sabem que não merecem, e acham que podem desprezat os outros, que consideram "inferiores", apenas porque pensam e optam de modo diferente. Têm o que merecem... Nós é que não!

oliveirinha disse...

"Já "alguém" disse há muito tempo:"Quem "dominar" a informação domina o mundo"
Como tem razão!!! esta eleição é um exemplo disso. A forma como as televisões construíram uma imagem de um Sebastião revisitado em torno de Cavaco Silva é pura e simplesmente extraordinária!!!
Uma coisa deu para ver nestas eleições, as caravanas, os aventais e as canetas já não fazem a diferença, a diferença está nos opinion makers e a primeira campanha deve ser feita aos jornalista If u know what i mean